Este ano, a Biblioteca JPA assinalou o 25 de Abril através de uma exposição de cartazes e jornais cedidos pela Associação 25 de Abril e ainda outros documentos alusivos à data.
Para além da exposição, tivémos a honra e o prazer de ter connosco, o Tenente Coronel, Francisco Matos Serra, da Associação 25 de Abril, que através de um protocolo com a DGIDC, promoveu a acção: «Transição democrática - 1974, 1976,1982».
A esta acção assistiram os alunos do 3º ciclo, em duas sessões.
O Tenente Coronel conseguiu de uma maneira magistral, captar a atenção dos alunos, discursando sobre a guerra e os malefícios que esta comporta, realçando a importância de conhecer o nosso passado histórico, pois só assim é possível preparar o futuro.
O Tenente Coronel relembrou os ideais de Abril, referiu a imoportãncia dos valores, da justiça social, da igualdade de oportunidades, reiterando, várias vezes, a ideia de que sem liberdade não pode haver conhecimento e o homem só é livre com saber e com conhecimento.
Mostrou ainda a sua paixão pelos filósofos e os seus ideais, a sua veia poética, declamando muitos versos feitos por ele próprio, falou da sua experiência com os livros, aconselhando vários leituras aos alunos, a prepararem-se para a aventura da vida pelo estudo, pois só desta forma se conseguem enfrentar os desafios.
Terminou a sua mensagem riquíssima do ponto de vista pedagógico, apelando aos alunos que não deixem que sejam os outros a falar por eles...
Foram momentos inolvidáveis, que nos tocaram a todos!!! De realçar o momento emotivo vivido pelo nosso Assistente Operacional, Senhor Maurício que, de repente, reconhece no homem que falava, o seu instrutor dos tempos de tropa... Foi um abraço verdadeiramente sentido que estes dois homens trocaram, isto claro, depois de se ter apresentado de acordo com o protocolo militar...
Não resistimos a transcrever o poema «Palavras por Abril», do Tenente Coronel, Matos Serra.
Abril foi um toque de alvorada
para soltar os hinos e as flores
dessa forma a naçao foi acordada
para tempos que se queriam promissores
O povo assumiu essa chamada
juntámos ferramentas com as fardas
foi então uma alegre caminhada
com flores a silenciar as espingardas
Quebraram-se silêncios e grilhetas
silenciou-se o medo das prisões
foi um tempo de sonhos e poetas
prodígios de poemas e canções
A rua se fez rio e depois mar
agitado entre abraços e poemas
em ondas impossíveis de parar
quebraram-se os grilhões e as algemas
Sofia, Ary e outros o cantaram
unidos o trabalho e a cultura
em profusão de versos o levaram
até aos altos céus da literatura
Porque Abril foi sonho e foi poesia
foi amor, foi justiça e liberdade,
foi canto como um pranto de alegria,
corcel como um tropel de felicidade.
Mas não houve só cravos e abraços
também houve cansaços, frustrações
muitas desilusões e embaraços
escondidos nos compassos das canções.
Aqueles que partiram p´ro Brasil
não gostaram da letra das canções
voltaram p´ra calar a voz de Abril
e para nos impor velhos refrões
E unidos aos velhos generais
que também não gostavam de poemas
lançaram os velhos recitais
que eram novo pronúncio das algemas
Mas...
Abril bate forte em nosso peito
que, além do mais, ganhamos a certeza
de ser livre e saber se estar direito
galgar vilipêndios e torpezas
À Escola João Pedro de Andrade, seus corpos docente, auxiliar e discente, com um fraterno abraço do sempre amigo
Matos Serra
As fotos da acção:
A prof. bibliotecária Lurdes Castanheiro
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